“A Doença é um Grito da Alma que nos Chama Para a Vida!” – Vera Boeing
Vera Lúcia Boeing é psicóloga e mestre em Psicologia e Formadora em Constelações Sistémicas Familiares, Organizacionais e de Saúde, tendo também formação internacional em Nova Medicina Germânica e Panorama Social. Atua na área clínica e organizacional, desde 1981, com desenvolvimento de pessoas e equipas.
No âmbito da comemoração do Dia Mundial da Saúde (7 de Abril), convidamo-la a partilhar a sua visão sobre a Saúde e a importância de ter uma visão sistémica e integrada sobre este tema, pelo que ela generosamente nos deixa este texto:
” Como já dizia Hipócrates, pai da medicina ocidental, ”mente sã, corpo são” e, quando defino que, “a doença é um grito da alma que nos chama para a vida”, considero ainda que, se curamos a alma, curamos o corpo!
Este é o meu entender e te convido a passear por estas linhas, experimentando e desfrutando de tudo.
(…) Hamer e Hellinger pensaram sobre saúde e doença de uma forma, que podemos considerar, não inovadora, mas evoluída, pois olharam para o passado e resgataram aquilo que já era, de certa forma, praticado de maneira natural, por nossos ancestrais e que a própria biologia o faz. E se para haver evolução tem que haver preservação da informação, olharam para “memórias”, para o que foi preservado e nos deixaram um legado.
Dr. Hamer, decodificou aquilo que chama de “Cinco Leis Biológicas” que explicam as causas, o desenvolvimento, e a cura natural das “enfermidades” com base nos princípios biológicos naturais.
As Leis Biológicas que constituem esta verdadeira “Nova Medicina”, estão firmemente embasadas nas ciências naturais, e estão ao mesmo tempo em perfeita harmonia, com outras leis naturais, incluindo leis espirituais. E, é interessante que os espanhóis chamam a Nova Medicina Germânica (GNM) como “A Medicina Sagrada”, por essa verdade.
Bert Hellinger, com o conhecimento filosófico, depois psicológico e fenomenológico nos traz a compreensão sobre princípios da vida que chama de Leis do Amor, traduzindo aquilo que se mostra, vive-se e vê-se muito facilmente quando nos permitimos olhar aquilo que se mostra, ampliadamente.
(…) Quando Hamer diz que “a doença é um programa biológico de sobrevivência da espécie e do indivíduo”, Hellinger diz que “a doença é um movimento do espírito para curar a consciência familiar, levando o indivíduo a reconciliação com excluídos do seu clã”.
Hamer descobriu e comprovou que toda doença é a somatização de um conflito bloqueado. E Hellinguer diz que os conflitos bloqueados são rejeições à vida como ela é.
(…) Esse sofrimento, essa metáfora, é o que chamamos de doença, cuja “missão” é reconciliação entre um excluidor e um excluído, que haviam se desligado da vida e, o retorno a ela, consiste nesta reconciliação. Assim, neste olhar sistêmico das Constelações Familiares, o doente, descendente designado para denunciar esta exclusão e separação da vida, vai imitar os ancestrais com quem está intrincado, rejeitando a vida como ela é, excluindo ou sendo excluído. Quando o doente diz “sim” à sua situação, “sim” à doença, entra em sintonia com o movimento do espírito, iniciando-se a compensação adulta. E a força de cura começa a se manifestar.
(…) Nosso corpo é um depósito de memórias. Ele conta a história. É o resultado de todas as experiências, emoções, traumas e dores vivenciadas ao longo da nossa vida, desde o nosso nascimento. Tanto os lembrados como os não lembrados. E também nos habita a história que nossos ancestrais viveram ao longo das gerações. Levamos connosco os registros dos ocorridos e, mesmo que nos separemos da família de origem, levamos junto e isso nos condiciona, nos determina em silêncio, no nosso interior. E estas informações se mostram, na superfície, nas mais variadas e impensadas maneiras.
Daí a importância de aprendermos a conhecer e, sobretudo, escutar o corpo. Porque ele fala e somos falados por ele. E nesta expressão se manifestam sintomas múltiplos, indo até a enfermidade, e o que vem a luz é aquilo que carregamos, muitas vezes, sem saber.
“O que é calado na primeira geração, a segunda leva no corpo!” Françoise Dolto
(…) A doença traz a mensagem e o caminho da cura só pode ser transitado através de um trabalho interior, buscando decifrar o que é que nos vem sendo dito, de que se trata e o que necessita ser escutado.
Também desejo que esta escrita tenha favorecido um novo olhar para a “doença”, acolhendo-a e agradecendo sobre o que ela tem a dizer. Qual a metáfora que o corpo está contanto para escutar este grito da alma chamando para despertar para a vida. Tomar a vida!
Assim, concluo este passeio com Nietzsche dizendo “Não gostaria de despedir-me ingratamente daquele tempo de severa enfermidade, cujo benefício ainda hoje não se esgotou para mim: assim como estou plenamente cônscio das vantagens que a minha instável saúde me dá, em relação a todos os robustos de espírito” – Nietzsche, Gaia Ciência, prólogo §3.
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Vera Boeing – “A doença é um grito da alma que nos chama para a vida”
Pode também assistir aqui à live de Maria Gorjão Henriques com Vera Lúcia Boeing , sobre o tema Saúde Sistémica–
Vera Lúcia Boeing é também uma das palestrantes do Congresso de Consciência Sistémica, no qual facilitará uma palestra e um workshop imersivo na área temática Saúde Sistémica