Ser Mulher Rainha – A Visão Sistémica da Cura e Empoderamento do Sagrado Feminino
Ser mulher é viver da pele para dentro a complexidade de múltiplos papeis.
É cuidar do Universo a partir do Coração utilizando a Alma como veículo.
É trazer o universo no coração e um oceano de emoções na alma.
É ter o dom de olhar o outro e respirar o seu sentir ao mesmo tempo que leva a Vida em frente e ultrapassa obstáculos.
Ser mulher é simplesmente Ser e respirar o pulsar dos corações dos que sofrem, abraçar, tomar e dar a Vida
ao serviço do Amor
Somos filhas, irmãs, amigas, namoradas, esposas, mães, amantes, profissionais, avós, fadas do lar, desportistas, espirituais… A mulher de hoje vive em vários pequenos mundos e lidar com tudo isto é muito desafiante.
Qual o contributo que a visão sistémica pode trazer para a vida da mulher multifacetada dos dias de hoje?
Convidando, antes de mais, a um primeiro olhar sobre o nosso projeto sentido. Tudo começa na gestação da nossa mãe. Na verdade, começa bem antes, mas agora vamos debruçar o nosso olhar sobre a gravidez da nossa avó. Quando a avó está grávida e a gerar a nossa mãe, o óvulo que dará origem à nossa vida está também a ser gerado, o que significa que nesse momento o património físico e emocional vivido pela avó vai ter um profundo impacto na sua filha e na sua neta.
Assim sendo, nós somos o resultado do fluxo da vida que é transmitido de geração em geração através de todos os ancestrais que tiveram de existir para que nós chegássemos à vida.
Quais as feridas que carrega a mulher moderna da linhagem feminina que a antecedeu?
Neste momento, a maioria de nós mulheres está a ser movida por um arquétipo interno de emancipação e de jovialidade. Este é como um reflexo do extremar do pêndulo que procura a libertação das dores vividas pelas nossas ancestrais.
Ainda carregamos connosco estas dores de falta de liberdade, de autonomia, de expressão própria e de independência. É como se precisássemos da autorização de todas estas mulheres para vivermos com alegria.
Dentro de nós reside ainda uma lealdade inconsciente que precisa de ser olhada, amada e libertada: como é que eu posso viver em alegria e abundância se as minhas ancestrais viveram milhares de anos de subjugação e opressão?
Agora eu posso. Agora todas nós podemos. Carregamos connosco toda a sua força, amor, coragem e determinação.
Podemos olhar para toda a nossa linhagem feminina e honrar profundamente toda a dor vivida para que hoje sejamos capazes de fazer diferente e em honra a todas elas assim o fazer, permitindo-nos ser felizes e realizadas em todas as dimensões da nossa vida.
Somos mães e avós! Ágeis e energéticas a construir o ambiente que cria um lugar de estrutura e ao mesmo tempo compassivas, amorosas, ternas e afetuosas. Quantas de nós temem ser mães quando na sua linhagem carregam histórias de sofrimento de mulheres que morreram a dar à luz?
Ser mãe é viver uma parte essencial do nosso arquétipo de mulher. Ser mãe é tomar a responsabilidade de ser o ambiente e a alma da família. É a união da feminilidade e da sabedoria, agindo através do amor e da experiência. O seu reino é a emoção, de onde tudo brota, doando e ao mesmo tempo guiando.
Todas as mulheres podem ser rainhas do seu próprio mundo!
Toda mulher é mãe, guerreira, com sensibilidade e senso de justiça elevados. Procura prazer e segurança ao mesmo tempo. Almeja a liberdade e a independência. Tem um lado místico e esotérico. É fada, bruxa e faz alquimia na cozinha e na forma como nutre e alimenta quem ama. Na união de todas estas identidades temos o arquétipo supremo, desenhado no círculo central: o da grande mãe ou rainha.
Para o sermos precisamos apenas de estar bem e pacificadas em cada um dos nossos pequenos mundos, como uma rosa que olha e cuida de todas as suas pétalas, permitindo-se sentir o seu doce e subtil aroma ao mesmo tempo que honra os espinhos que a protegem e fazem parte do seu caminho.
Esta visão parece-vos completa? Que lugar ocupam os homens?
A vida é gerada através da integração e fusão do feminino e do masculino, do óvulo e do espermatozoide, da energia yang e yin.
Todos nós somos 50% mãe e 50% pai e por isso todos nós carregamos a energia feminina e masculina. A união harmoniosa e aceitação profunda destas duas energias que coabitam em cada um de nós é que nos permite verdadeiramente alcançar o bem-estar e paz interior. E este movimento está profundamente ligada à nossa capacidade de tomar a mãe, tomar o pai e assim tomar a vida tal como ela é.
O feminino e o sagrado feminino só se afirma verdadeiramente no dia em que toma o masculino. Ao ignorarmos os homens, corremos o risco de o nosso pêndulo interior se alimentar apenas da energia feminina, caindo num empoderamento exagerado que diminui o homem e também uma parte de nós mesmas, da energia masculina que possuímos.
Uma das minhas maiores fontes de inspiração e de expansão de consciência é observar a natureza a forma perfeita como sistemicamente se organiza, sobreviver e evoluir. Fazendo a analogia com os 4 elementos da terra, as mulheres são o elemento água e os homens são o elemento fogo. Quem aquece a água é o fogo, contudo este não pode aquecer demais ou a água evapora e/ou transborda e apaga-o. É este equilíbrio natural e harmonioso que todos nós somos convidados a fazer ao longo da nossa vida. Que saibamos abrir o nosso coração a este movimento de integração, de aceitação, de completude.
Nós, mulheres, precisamos dos homens para nos dar suporte, chão, estrutura, segurança, para nos proteger e auxiliar a fazer uma série de coisas essenciais que nos permitem libertar para sermos mulheres criativas, intuitivas, mais livres e firmes no nosso propósito.
Como podem contribuir os homens para esta cura das dores feminino?
O homem também tem o seu lado feminino que precisa ser curado. Os homens podem prestar tributo às mulheres, honrando e fazendo parte dessa cura, olhando para a nossa própria linhagem feminina, ao mesmo também que também se permitem empoderar pela sua energia masculina. Através desta abordagem sistémica, curamos estas feridas e recuperamos as nossas partes de alma perdidas. Permitimo-nos viver como mulheres maduras e conscientes que somos.
Maria Gorjão Henriques
Seja protagonista deste movimento único de cura do inconsciente colectivo. Você faz parte! De um novo paradigma, da mudança, da vontade e capacidade de viver a partir de uma visão sistémica e integrada da realidade.